Os seres humanos tem uma capacidade incrível de adaptação. Algo que há poucos anos atrás poderia parecer impossível acontecer, hoje faz parte da nossa realidade diária. Esse novo cotidiano, em constante transmutação, algumas vezes nos traz algo positivo mas em outras circunstâncias, absolutamente não.
Hoje vim falar de uma “nova” realidade que já faz parte do nosso dia a dia, e muitas vezes não damos a devida atenção: Falo da epidemia de dengue que acontece na nossa cidade, região e Estado.
Acredito que a maioria de nós conhece alguém que teve dengue nos últimos meses. Logo, isso pressupõe que todos já conhecem seus sintomas como febre alta, fraqueza, náusea, vômitos, intensas dores musculares, falta de apetite e o quão ruim é o mal estar causado pela doença, além de já estarmos cientes que a progressão na gravidade da doença pode levar a morte.
Do mesmo modo, me permito supor que a maior parte da população sabe que o transmissor da dengue é o mosquito conhecido como Aedes aegypti, mais especificadamente pela picada da fêmea do mosquito infectada pelo vírus. Portanto, a maneira mais eficaz de evitar que essa epidemia avance cada vez mais é combatendo a sua proliferação no ambiente.
Para combatê-lo é necessário entender melhor seus hábitos e como ocorre o seu ciclo de transmissão. De maneira resumida, a fêmea do mosquito deposita seus ovos especialmente em recipientes com água parada. Estudos realizados na região mostram que a grande maioria dos ovos desse vetor foram encontrados em recipientes como baldes, latas, pneus, caixas d’água descobertas, vasos de flores. Aos eclodirem dos ovos, as larvas vivem nessa água por cerca de uma semana, podendo ser mais rápido ou mais lento esse ciclo (ovo, larva e pulpa) principalmente pela variação da temperatura ambiente. Após este período, transformam-se em mosquitos adultos e no caso da fêmea, pronta para picar e transmitir a doença para as pessoas. O mosquito se contamina com o vírus através da transmissão transovariana da fêmea para larva, ou picando uma pessoa que já esteja contaminada pelo vírus da dengue.
Dessa forma, faz-se necessário fazermos nossa parte com medidas de prevenção à proliferação e circulação do mosquito em nosso meio com a limpeza e revisão das áreas interna e externa das residências, empresas ou apartamentos e a eliminação dos recipientes depositados com a presença de água.
Até o momento o estado do Rio Grande do Sul conta com mais de 40 mil casos notificados da doença apenas em 2024. No ano passado nesse mesmo período o estado contabilizava 8 mil casos, ou seja, não estamos sendo eficientes nas medidas de prevenção e controle da Dengue.
E pensar que há apenas 6 anos atrás não tínhamos relatos sobre a presença do mosquito causador da Dengue no RS.
Assim sendo, se não fizermos a nossa parte para prevenção e controle da doença, a tendência futura é que passemos a conviver cada vez mais com a circulação do vírus em nosso meio e com os enormes prejuízos causados por ele.